Edição 08
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O Evangelho Segundo o Espiritismo
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Revista ASSEAMA
Se há um nome que lemos inúmeras vezes ao longo do Evangelho Segundo o Espiritismo é fariseus. De tanto ler os encontros deles com Jesus, fazemos até mesmo uma ideia preconcebida. E, vamos admitir, muitas vezes eles nos causam certa irritação na intimidade de nossa atual condição evolutiva, fato que, por obviedade, não podemos atribuir a Jesus.
O Mestre do amor e da bondade, o educador por excelência, e o sublime arcanjo que esteve entre nós, falou em várias ocasiões diretamente com eles de forma enérgica. Comentou sobre a ilusão em que eles se encontravam, por exemplo, ao tomar para si as leis das escrituras da Torá sob o manto das aparências materiais, esquecendo das diretrizes da higiene dos sentimentos, das luzes arrebatadas pela prece sincera, dos pensamentos voltados ao bem maior.
Eles traçaram e adaptaram suas interpretações das escrituras antigas conforme seu comportamento, simplesmente criando caminhos materiais de aparência, sem, dessa forma, prosseguirem no trabalho educativo
de si mesmos.
Jesus, ao perceber a condição psíquica deles, tomado de compaixão pela desconexão em que se encontravam com a verdade e, portanto, consigo mesmos, utilizou uma linguagem acessível para eles. Dessa forma, poderia despertá-los, algumas vezes, pelo choque de Suas palavras. Dotado da mais profunda misericórdia de que se tem conhecimento, Jesus jamais os condenaria.
O Mestre aproveitou o comportamento dos fariseus para utilizá-los efetivamente como exemplo para os demais. É que, na época, eram tidos como santos justamente pelas aparências da prece e a roupagem dos seguidores divinos. Eram vistos assim por muitos que não os conheciam a fundo e, muito menos, conheciam a fundo a essência do amor e da justiça.
Até hoje o termo fariseu é utilizado a fim de designar os radicais de toda sorte, os inflexíveis. Devemos, no entanto, aprender a usar também as lições de Jesus e, identificando tal condição em nós mesmos ou em outros que atravessem nosso caminhar na Terra, usar da compaixão e da misericórdia.
E, quando se trata de nós mesmos, priorizar a educação espiritual baseada no amor e na transformação baseada no Evangelho.
Quanto aos outros, a não ser que estejamos em posição de impedi-los de prejudicar seu semelhante, devemos esclarecer, se houver abertura, e orar solicitando do mais alto que caminhos se façam para o necessário esclarecimento do irmão em questão.
Se for necessário intervir, devemos fazer isso sempre levando em consideração o texto de São Luís, item 21 do capítulo X,
de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que nos ensina a trilhar os campos da verdade com compaixão.